sexta-feira, 23 de maio de 2014

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.

Sophia De Mello Breyner Andressen

quarta-feira, 21 de maio de 2014

ah... a música!

«metade do nosso corpo é água»
...a minha outra metade deve ser música!
***
Agora ando sempre a ouvir os Gaiteiros de Lisboa.
É sempre assim. Em fases.
Ouço muito, muito, uma coisa e depois ponho de lado. Ouço outras COMPLETAMENTE diferentes. Para depois, milhares de dias depois, voltar a ouvir o que deixei (temporariamente) de lado.
Acho que se tivesse coragem fazia isto com tudo na vida.